Sem a renovação de costureiras nos últimos cinco anos, as confecções vêm enfrentando um problema crescente: a falta de conhecimento técnico para operar diferentes máquinas por uma única profissional. A tão desejada polivalência — sonho de todo empresário do setor — tem se tornado um desafio cada vez maior. Vamos ao que interessa: Polivalência: Mito ou Realidade.
Hoje, o que mais se busca são costureiras que dominem pelo menos duas ou três máquinas diferentes, dependendo do produto a ser confeccionado. No mínimo, espera-se conhecimento em overloque, galoneira e reta. Esta é a realidade atual do mercado: a escassez de novas costureiras devido à ausência de renovação da mão de obra, o que compromete a formação de profissionais qualificados. A grande questão que paira é: Polivalência: Mito ou Realidade? Ainda estamos longe de uma resposta definitiva, mas a urgência por soluções é evidente.
Polivalência: Mito ou Realidade-Formação – Ausente
Os programas de treinamento e desenvolvimento estão muito aquém das necessidades das empresas, todavia, soma-se a isso a falta de incentivo para atrair e formar novos profissionais. Basta observar as indústrias concorrentes: a maioria das costureiras tem mais de 35 anos. É raro encontrar jovens entre 18 e 22 anos — faixa etária ideal para início de carreira —, reflexo da falta de divulgação, de oportunidades e de programas de capacitação nas próprias confecções. Isso gera uma reação em cadeia: a falta de preparo e profissionalismo dificulta ainda mais encontrar o tão procurado “operário polivalente”.
Algumas empresas, no entanto, investem em formação própria, criando escolinhas internas onde o treinamento dura cerca de quatro semanas. Na quinta semana, a nova costureira já passa a atuar na produção, geralmente em máquinas retas, overloques ou galoneiras. Em sistemas bem estruturados, essas profissionais podem alcançar até 70% de eficiência em seis meses, com possibilidade real de atingir a polivalência. Nesse ponto, começamos a ver indícios de que a Polivalência: Mito ou Realidade pode começar a se inclinar para a realidade — desde que haja investimento e comprometimento.
Polivalência: Mito ou Realidade-Produtividade – Necessária
Mas por que a polivalência é tão importante?
A resposta está na busca por redução de custos e aumento da produtividade. Novos sistemas de produção exigem um time mais equilibrado e versátil. Seja em células, VAC ou PIT, é essencial contar com costureiras capazes de operar diferentes máquinas, executando diversas operações e oferecendo flexibilidade nos balanceamentos de produção.
Já em métodos como o sistema “melinar” (referindo-se ao tempo, não à eficiência), a polivalência perde espaço. Nesse modelo, a operária executa tarefas repetitivas ao longo da jornada e, muitas vezes, sequer conhece outras máquinas, sendo assim, essa acomodação dificulta o desenvolvimento da versatilidade.
Portanto, quando observamos o cenário produtivo e os resultados esperados, a dúvida sobre Polivalência: Mito ou Realidade ganha novas nuances. A realidade depende diretamente da mudança de postura dentro das empresas e da cultura organizacional.
Polivalência: Mito ou Realidade-Valorização – Urgente
Para mudar esse cenário, é fundamental mobilizar sindicatos e órgãos competentes para valorizar a profissão de costureira, tornando-a mais atrativa. Em grandes centros urbanos, há mais acesso a treinamentos. Mas e nas regiões como o sul de Minas ou Fortaleza, onde a infraestrutura é limitada? Muitos empresários são levados a investir em locais com salários menores, sem considerar que a baixa qualificação pode comprometer toda a produção.
Diante disso, é essencial desenvolver a polivalência dentro da própria empresa, no entanto, não basta perguntar na entrevista se a candidata sabe operar mais de uma máquina — é preciso aplicar testes, medir desempenho e incentivar o aprendizado com diferenciação salarial. Incentivar o crescimento interno e reconhecer habilidades é um passo essencial para transformar Polivalência: Mito ou Realidade em um plano concreto de desenvolvimento profissional.
Reconhecimento – Inexistente
Claro que, para alcançar bons resultados, além da polivalência, é necessário capricho. Volume de produção sem qualidade só gera reprocesso e prejuízo. O investimento em treinamento contínuo e acompanhamento é o caminho para transformar o mito da polivalência em realidade.
No entanto, ainda não se observa uma melhora na remuneração dessas profissionais que justifique atrair novas candidatas para as vagas disponíveis. Falta também a iniciativa de muitas empresas em transformar o desempenho em ganhos reais. Defendo uma ideologia baseada na meritocracia, quebrando paradigmas de metas e eficiência: o trabalho precisa ser valorizado com resultados concretos. Infelizmente, ainda é pequena a parcela de empresas que oferece sequer uma cesta básica, vale-alimentação ou plano de saúde.
Se quisermos sair do campo da dúvida e afirmar com convicção que a Polivalência: Mito ou Realidade se tornou uma prática, será necessário repensar o valor humano dentro das linhas de produção, investir em capacitação e garantir reconhecimento justo