Eu recebo muitas perguntas e questionamentos dos empresários que estão começando neste nosso setor. E uma das maiores preocupações dessas pessoas é em relação a atender a demanda de mercado. Ou seja, foi vendido bastante, porém minha mão de obra não dá conta de atender a toda essa demanda. Neste contexto nada se encaixa melhor do que a escolinha de costura.
Isso acontece pois estamos passando por uma verdadeira crise de mão de obra capacitada. Muitas pessoas começam a trabalhar muito cedo sem o devido direcionamento aqui no nosso país. Após alguns anos ela não construiu uma carreira, mas sim foi tapando buracos por onde passava.
Então se forma um profissional com certa experiência em alguns processos, mas nenhuma experiência aprofundada.
É um ambiente que eu sempre indico a criação da escolinha de costura, mas o que é essa escolinha?
Como é difícil encontrar mão de obra qualificada e quando se encontra ela muitas vezes é bem cara, uma alternativa é você desenvolver a sua própria mão de obra qualificada. Treinar seus funcionários para que eles sejam cada vez mais qualificados.
Dessa forma você terá costureiras polivalentes que trabalham profissionalmente em ao menos duas máquinas. Por este motivo, meu objetivo neste artigo é ajudá-lo a fazer uma escolinha de costura campeã.
Eu costumo dizer que as costureiras estão acabando. É uma profissão que vem sumindo bastante. Existe algumas ações que ajudam a manter este ramo vivo, mas muitas empresas negligenciam.
As costureiras se sentem muito exploradas. Os empresários ganham valores altíssimos sobre o trabalho delas, mas elas mesmo recebem muito pouco. Ocorre uma certa exploração.
Uma das formas de mostrar que sua profissional é sim valorizada é dividindo o bolo. Não adianta você ganhar tudo sozinho, saiba dividir seus ganhos com aqueles que ajudaram você a chegar lá.
Para esta divisão você pode pagar participação nos lucros, pagar premiação, dar benefícios etc.
Uma parcela considerável dos profissionais do mercado são especialistas, vivem no tempo do ista, overloquista, projetista, pilotista etc.
Claro, cada região tem a sua especialidade, então você focará sua escolinha de forma a favorecer os produtos da sua região. Alguns exemplos dessa produção regional, em Nova Friburgo é a capital da moda íntima, lingerie, em Petrópolis é produzida muita malha, em minas você encontra muitas facções de jeans e por aí vai.
O primeiro caminho é através de folhas. Ao todo são 13 folhas. A primeira que eu tenho aqui é “costurar em linha reta com posicionamento e parada em pontos pré-determinados”. Para costureiras que trabalham com malha, é vital que ela saiba trabalhar em máquina reta. Se ela conseguir este feito, pode ter certeza de que ela irá trabalhar em qualquer outra máquina.
Vou falar mais duas folhas para não estender muito. A segunda folha é “Costurar em linha reta e variar a 90°”. E nas folhas tem as marcas de onde ela irá costurar.
Lembrando que aqui ela vai costurar no papel para que ela aprenda, então cada uma das folhas corresponde a um exercício para ela aprender.
A terceira folha já é um pouco mais difícil “Costure em linhas retas e variadas a 90°”. O grau de dificuldade vai aumentando progressivamente.
Ao término das 13 folhas a sua costureira terá passado por todas as situações que ela terá que enfrentar em seu dia a dia e assim você terá uma mão de obra qualificada.
O próximo passo após ela dominar na folha de papel, está na hora de treinar no tecido.
Em média essa formação completa da costureira na máquina leva em torno de 3 a 4 meses. Mesmo para aqueles que nunca nem pegaram na máquina de costura.
Este horário de aprendizado é feito após o expediente. 30 minutos a 1 hora por dia, todos os dias da semana.
Acho que é uma boa ideia começar com a reta, em seguida comece a treinar suas costureiras para trabalhar na overloque, na colarete, nas 2 agulhas etc.
Quis escrever este artigo, até gravei um vídeo sobre o assunto, pois o nosso mercado está passando por uma carência extrema. Não temos profissionais polivalentes. Os empresários perdem muito por este motivo. As mães e avós não querem que seus filhos e netos se tornem costureiros e costureiras. Este fenômeno está ocorrendo em todos os lugares. Até os padeiros não querem que seus filhos sigam nessa profissão. Hoje em dia todos querem que os filhos virem médicos, engenheiros, advogados etc.
Pois bem, isso a longo prazo gera um impacto gigante no nosso mercado. A medida que os profissionais ficam mais escassos, os que restam começam a ficar valorizados de tal forma que só as grandes magazans conseguiriam pagar os salários das grandes costureiras polivalentes.
A saída é você implantar a escolinha de costura e você mesmo desenvolver seus profissionais para exercerem a função. Mas e você, qual a sua opinião sobre o assunto? Tem alguma história para compartilhar? Comente aqui embaixo o que você achou deste conteúdo, sempre leio todos os comentários e acompanho tudo de perto para garantir essa interação entre nós.